Necrose: É a morte da célula ou parte de um tecido que compõe o organismo vivo. É a manifestação final de uma célula que sofreu uma lesão irreversível, em outras palavras é quando param as funções orgânicas e os processos reversíveis do metabolismo. No entanto, é válido lembrar que a morte da célula ocorre de modo natural, pois isso é imprescindível para a manutenção do equilíbrio tecidual. Esse mecanismo recebe o nome de apoptose, ou morte programada,como já vimos.
A necrose culmina com o desaparecimento total do núcleo, sendo esse fato resultante da morte da célula. O fenômeno é precedido de alterações nucleares graves denominadas picnose, cariorrexe, cariólise ou cromatose.
Picnose (do grego picnos = espessamento): o núcleo reduz-se, tornando-se mais arredondado do que o normal, e cora-se mais intensamente pela hematoxilina em virtude da maior acidez em sua massa; torna-se homogêneo, pois a cromatina se transforma em massa única; o núcleo geralmente desaparece.
Cariorrexe: a cromatina distribui-se irregularmente, podendo acumular-se em grumos na membrana nuclear; há perda dos limites nucleares.
Cariólise: este é o final do processo. Desaparecem, respectivamente, o núcleo e a cromatina.
O processo necrótico pode sofrer total cicatrização, devido à proliferação de conjuntivo-vascular. Os grandes processos necróticos podem ser encapsulados ou sequestrados por tecido conjuntivo, que permanece na periferia do tecido morto, sem penetrar em seu cerne. O material necrótico pode, na pele ou em órgãos ocos, ser eliminado deixando cavidades, são as denominadas úlceras. Além da cicatrização, a necrose pode ainda evoluir para uma calcificação distrófica ou até mesmo regeneração.
(Fonte: Patologia Geral dos Animais Domésticos (Mamíferos e Aves) – Jeferson Andrade dos Santos. 1° edição.)
Principais tipos de Necrose:
Necrose coagulativa: permanência das células necróticas no tecido como restos ‘fantasmas’. São removidos lentamente por fagocitose a partir da periferia da área necrótica.
Necrose liqüefativa: as células necróticas são removidas rapidamente por fagocitose em toda a área necrótica.
Cada tipo é mais observado em certos tecidos que em outros, e depende de circunstâncias.
Exemplos:
1) INFARTOS. A maioria dos INFARTOS (necroses por falta de irrigação de um tecido, ou seja, por isquemia), são do tipo coagulativo. Exemplos: infarto do miocárdio, do rim, do baço. Uma notável exceção é o cérebro, onde as necroses, inclusive os infartos, são quase sempre liqüefativas.
Num infarto com necrose coagulativa ocorre geralmente parada completa da circulação sangüínea nos capilares da área necrótica. Com isto não chegam neutrófilos nem macrófagos, que são células fagocitárias essenciais para a rápida ‘limpeza’ dos restos necróticos. As células mortas permanecem por longo tempo onde estavam.
Ocorrem as alterações nucleares (picnose, seguida de cariólise; cariorrexe é mais rara) e eventualmente o núcleo desaparece totalmente. O citoplasma passa a eosinófilo. Este conjunto de alterações constitui a necrofanerose (ou manifestação morfológica da necrose). O tempo decorrido até este ponto é geralmente de poucos dias (tipicamente 4 dias a 1 semana).
O material necrótico é removido lentamente a partir da periferia porque lá existe circulação capilar íntegra, de onde provêm células fagocitárias. A remoção do material necrótico por fagócitos é chamada heterólise.
Macroscopicamente, a área de necrose coagulativa é firme e pálida (por ausência de circulação), bem delimitada do tecido normal. Quando a causa é isquêmica (infarto), é característica a forma em cunha, com o ângulo voltado para o centro do órgão, isto é, para o vaso ocluído.
2) Tumores de crescimento muito rápido, superando a capacidade de suprimento pelos vasos do próprio tumor.
3) Lesões intensas por agentes físicos (ex, queimaduras graves), ou químicos (ácidos e bases fortes).
4) Necrose caseosa. É um tipo especial de necrose coagulativa que se instala no meio da reação inflamatória provocada por certas doenças, principalmente a tuberculose. A área necrótica fica com aspecto macroscópico de queijo fresco (lembra mais queijo mineiro, ou ricota). Microscopicamente, o aspecto é róseo, finamente granuloso. É freqüente a calcificação (abaixo).
Exemplos de necrose liqüefativa:
1) INFARTOS. O melhor exemplo de uma necrose liqüefativa é um infarto cerebral.
No infarto cerebral, ao contrário do do miocárdio, por exemplo, não costuma haver parada completa, e sim uma redução acentuada da circulação, suficiente para matar os neurônios, mas que não impede a chegada de células sanguíneas ao local da lesão.
Há rápido aparecimento de células fagocitárias (ou seja, macrófagos, neste caso também chamados de células grânulo-adiposas). Os macrófagos são em parte provenientes da micróglia, (e, portanto, já residentes no tecido); e em parte provêm de monócitos do sangue. Removem em poucos dias o material necrótico. Isto se traduz macroscopicamente pelo amolecimento do tecido necrótico, que ficatransformado em papa, daí o nome necrose liqüefativa. Outros órgãos onde a necrose é geralmente liqüefativa são os pulmões e intestinos.
A necrose liquefativa é própria de tecidos ricos em lípides, como o cérebro e a supra-renal, mas não é bem claro o quanto isto contribui para a liquefação rápida da necrose.
2) ABSCESSOS. Abscessos são áreas de infecção bacteriana purulenta que produzem uma nova cavidade no tecido. Esta nova cavidade resulta de uma necrose liqüefativa, por ação das enzimas proteolíticas das próprias bactérias, e dos neutrófilos atraídos para combatê-las.
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